Essa seria para enlouquecer construtores, incorporadores e investidores: terrenos livres na Vieira Souto aos preços de Niterói, mais baratos que em qualquer ponto de Copacabana, Barra, Jardim Botânico ou Lagoa e com aluguéis bem baratinhos.
Só mesmo em sonho e nos jogos de tabuleiro em que a meta é comprar e vender imóveis como mostra a repórter Karine Tavares, em matéria publicada neste domingo no Morar Bem, comparando a doce realidade virtual dos joguinhos infantis com o crueza dos números do mercado imobiliário do Rio e São Paulo.
Na versão Monopoly Revolution, da Hasbro, que será lançada em julho no Brasil, a unidade de Ipanema custa $ 220 mil (de uma moeda imaginária) enquanto a da Vieira Souto vale $ 140 mil; Copacabana, $ 220 mil; e Avenida Atlântica, $ 160 mil. É a dança maluca dos preços relativos.
Quem fez esse jogo não tem a menor noção de mercado imobiliário. Há 40 anos, quando Copacabana era a Princesinha do Mar e Ipanema, uma promessa de futuro promissor, talvez isso fizesse algum sentido – diz Leonardo Schneider, vice-presidente do Sindicato de Habitação do Rio, achando graça da história.
Mas hoje Vieira Souto e Delfim Moreira têm o metro quadrado mais caro do Brasil, comparável a Nova York e Paris. E nenhum terreno construível.
O jogo também traz ruas e bairros de São Paulo e, por lá, os absurdos se repetem: a Rua Oscar Freire, que tem preços comparáveis aos da Visconde de Pirajá, em Ipanema, aparece com quase o triplo do valor da Vieira Souto: $ 400 mil
Esses preços não fazem qualquer sentido diverte-se Luiz Paulo Pompéia, diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Propriedade (Embraesp), que avalia preços de imóveis em São Paulo.
Segundo Pompéia, a maioria dos lugares que aparecem no jogo quase não têm terrenos disponíveis. Até áreas populares sentem hoje os efeitos da valorização imobiliária por que passa o país.
O economista Maurício Visconti lembra que além do aumento do crédito imobiliário que valorizou os imóveis em todo o país, há lugares, como o Rio, em que situações pontuais também colaboraram para uma mexida nos preços.
A Tijuca certamente teve uma valorização proporcionalmente maior que Ipanema, já que muitos imóveis ali tinham o preço depreciado por conta de problemas com segurança. Agora, com as UPPs, esses imóveis, no mínimo, voltam ao preço deles. Mas isso aconteceu de uma vez só diz Visconti, e brinca: Esse preço na Vieira Souto? Vamos comprar!
Afinal, pelo menos no jogo, dá para fugir da força do mercado!
Fonte:www.oglobo.com
Mercado imobiliário atingiu equilíbrio, diz Secovi-SP
João Crestana, presidente do Secovi, alertou também para necessidade de maior agilidade na liberação do crédito por parte dos bancos
Germano Luders/EXAME
Mercado imobiliário chegou ao seu ponto de equilíbrio em volume de vendas e preço
São Paulo - O mercado imobiliário de São Paulo já atingiu o ponto de equilíbrio em volume de vendas e preço, segundo afirmou hoje João Crestana, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi-SP). A partir de agora, observou, o lançamento e as vendas de imóveis de luxo e os voltados para a classe média alta deverão permanecer estáveis, enquanto as unidades populares para a classe média continuam em destaque nas estatísticas.
Porém, o executivo alertou que haverá necessidade de maior agilidade na liberação do crédito por parte dos bancos e de desenvolvimento de tecnologias construtivas e estratégias de marketing para conquistar o público. Pelos cálculos de Celso Petrucci, diretor do Departamento de Economia do Secovi-SP, as vendas de imóveis na capital paulista devem acompanhar o ritmo do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2011, crescendo 5%.
Depois da forte alta apurada no ano passado - com os indicadores chegando a descolar da inflação -, Petrucci diz que os preços tendem a se estabilizar este ano. "Esperamos que essa relação preço/inflação volte a convergir", afirma.
Para 2011, Crestana espera ver mais investimentos de empresários entidades do setor e governo na formação de mão de obra especializada. "Dessa forma, esse gargalo será solucionado, com a geração de mais empregos formais", afirma. Além do combate constante ao déficit habitacional, estimado hoje em 7 milhões de unidades, o mercado precisará atender à demanda vegetativa. Somente na cidade de São Paulo são formadas 30 mil novas famílias por ano, observou a entidade.
Balanço da década
Ao fazer um balanço da década, Crestana destacou que 2010 consolidou o movimento de retomada iniciado após a superação dos efeitos da crise financeira internacional do fim de 2008 e início de 2009, com os compradores mantendo o ritmo de compra e os empresários, o de lançamentos. "O Brasil passa por um momento de consolidação do crédito imobiliário como negócio, e a poupança e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) apresentaram bons indicadores de incremento."
No cenário macroeconômico, a entidade reconhece que 2010 marcou a história do Brasil. Os empresários do setor imobiliário apostam na continuidade dos níveis de crescimento em 2011, com manutenção da política econômica atual pela nova equipe do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC), mas com a adoção de medidas que reduzam os gastos públicos.
O debate com relação às novas fontes de recursos para a produção e a aquisição de imóveis continua, diante da perspectiva de esgotamento dos recursos da poupança. "Acreditamos que serão investidos mais de R$ 65 bilhões de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE)", informou a entidade sobre as tendências para 2011.
FONTE : REVISTA EXAME
Alugar é mais caro do que financiar
Estudo revela que 12% da renda familiar é usada na locação, número que cai para 7% no orçamento de quem financia
Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que as famílias que gastam com aluguel comprometem quase o dobro do que aquelas que financiam imóveis. Com base nos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/2009, o instituto mostra que, em média, o brasileiro destina 12% da renda familiar para o aluguel. Já as despesas com a prestação da casa própria representam 7% do orçamento de quem financia.
Segundo Pedro Carvalho, pesquisador do Ipea, atualmente é mais barato financiar do que alugar um imóvel.
– Nos contratos de financiamento há uma proteção maior contra a especulação imobiliária. Os contratos de aluguéis são revistos a cada 30 meses com valor de mercado – disse Carvalho.
O pesquisador citou ainda o fato de que normalmente os contratos de aluguel são atrelados ao Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M). "O crescimento do preço dos imóveis, intensificado a partir de 2008, foi muito maior que o da TR (Taxa Referencial), que indexa a maioria dos contratos de financiamento imobiliário. Com isso, os mutuários do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) estão protegidos contra bolhas nos preços dos imóveis que os arrendatários não estão", afirma o estudo.
Os dados mostram ainda que a compra de imóvel no país ainda está concentrada nas faixas mais elevadas de renda. Em média, 2,1% das famílias adquiriram imóveis. E 2,5% das famílias declararam ter comprado um segundo imóvel. Entre os 5% mais ricos, 16,5% adquiriram imóvel, enquanto entre os 25% mais pobres, apenas 1,5% comprou imóvel.
De 2002 a 2008, o percentual de famílias que pagam aluguel subiu de 12,9% para 17% dos domicílios. A pesquisa destaca que os custos elevados com despesas como seguro fiança e depósitos representam uma barreira à entrada no mercado de locação formal.
FONTE : JORNAL DE STA CATARINA